31 de mai. de 2010

A teologia reformada


Por: Alderi Souza de Matos
Logo após o início da reforma luterana, ocorreu no país vizinho ao sul da Alemanha, a Confederação Suíça, uma segunda manifestação do protestantismo. Ela ficou conhecida como Reforma Suíça ou movimento reformado. Seus líderes iniciais foram Ulrico Zuínglio, em Zurique (Suíça alemã), e João Calvino, em Genebra (Suíça francesa).
Graças à habilidade desses líderes, principalmente de Calvino, a "Segunda Reforma" teve maior difusão na Europa que os outros movimen tos protestantes iniciados no século XVI (luterano, anabatista e anglicano). Em poucas décadas, surgiram igrejas reformadas no sul da Alemanha, na França, nos Países Baixos, na Polônia, na Hungria e nas Ilhas Britânicas, especialmente na Escócia. Esse movimento recebeu a designação de "re formado" devido ao entendimento de que estava sendo mais profundo em sua obra de reforma que o movimento alemão ou luterano.
Ao contrário da relativa informalidade da teologia de Lutero, os re formadores suíços se concentraram em organizar e sistematizar a nova teologia protestante. Ao lado de convicções comuns com os luteranos, eles deram novas ênfases ou elaboraram doutrinas peculiares e distinti vas. Daí falar-se em teologia reformada ou tradição reformada, poste riormente também conhecida como calvinista. O termo "reformado" é preferível a "calvinista" porque esse movimento teve outras fontes além do pensamento de Calvino. Além disso, seus sucessores fizeram modifi cações sutis na teologia do reformador de Genebra. Os protestantes em geral e os reformados em particular fizeram amplo uso de dois recursos valiosos para consolidar e transmitir sua nova identidade doutrinária - catecismos e confissões de fé.
A teologia reformada é abrangente, envolvendo aspectos doutrinários, forma de governo eclesiástico, padrões para o culto e um modo específico de encarar questões políticas, econômicas e sociais. As princi pais expressões dessa teologia são os escritos dos reformadores da tradi ção suíça (Ulrico Zuínglio, João Calvino, Martin Bucer, John Knox, Teodoro Beza e outros) e os muitos documentos confessionais elabora dos pelas primeiras gerações de reformados. Os exemplos mais significa tivos são: os Sessenta e sete artigos de Zuínglio (1523), a Primeira confissão helvética (1536), a Confissão de Genebra (1536), o Catecismo de Genebra (1542), a Confissão galicana (1559), a Confissão escocesa (1560), a Confis são belga (1561), o Catecismo de Heidelberg (1563) e a Segunda confissão helvética (1566). São especialmente importantes a Confissão de Fé e os Catecismos elaborados pelos calvinistas ingleses - os puritanos - na Assembleia de Westminster (1643-1648).
Algumas ênfases especiais da teologia reformada são a plena sobera nia de Deus, a eleição ou predestinação, o livre-arbítrio entendido como livre agência, a soteriologia monergista que reconhece a prioridade da iniciativa divina, o conceito simbólico dos sacramentos, a noção do pacto (das obras e da graça) e a importância da lei de Deus. Essa teologia é abraçada particularmente pelas igrejas presbiterianas, e também por muitas igrejas congregacionais e batistas.

Outras ênfases da tradição reformada são o governo representativo por meio dos presbíteros e de concílios (presbitério, sínodo e assembleia geral), as duas classes de oficiais (presbíteros e diáconos) e a simpli cidade e solenidade do culto em virtude do princípio regulador (somente são admissíveis no culto os elementos prescritos pelas Escrituras). As principais áreas de divergência teológica com Lutero foram o entendi mento da lei de Deus e a teologia sacramental.



Fonte: Fundamentos da Teologia HistóricaAlderi Souza de Matos, Ed. Mundo Cristão, pág. 148-149. Extraído do site: [ Eleitos de Deus ]
Fonte: [Bereianos]

28 de mai. de 2010

SKANDALIZO - TEMPO DE MATURIDADE


Fonte:[Josemar Bessa]

26 de mai. de 2010

Não nos Pertencemos – João Calvino


- Somos do Senhor -

1.         A lei divina contém um plano adequado e ordenado para a regulação de nossa vida; porém nosso Pai celestial quer dirigir os homens por meio de um princípio-chave excelente.

É dever de todo crente apresentar seu corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, como indica a Escritura. Nisto consiste a verdadeira adoração.

O princípio da santidade nos leva à seguinte exortação: "Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus."

É muito importante estarmos consagrados e dedicados ao Senhor, pois isso significa que pensamos, falamos, meditamos ou fazemos qual¬quer coisa tendo como motivo principal a glória de Deus.

Recordemos que àquilo que é sagrado não se pode aplicar usos impuros sem cometer séria injustiça e agravo a Deus.

2.         Se não nos pertencemos a nós mesmos, mas pertencemos ao Senhor, devemos fugir daquelas coisas que lhe desagradam e processar nossas obras e nossos feitos como tudo aquilo que Ele aprova.

Baseando-nos no fato de que não nos pertencemos, teríamos que aceitar que nem nossa razão nem nossa vontade deveriam guiar-nos em nossos pensamentos e ações.

Se não nos pertencemos, não temos que buscar a satisfação dos apetites de nossa carne.

Se não nos pertencemos, então, esqueçamos de nós mesmos e de nossos interesses o quanto nos seja possível.

Pertencemos a Deus; portanto, deixemos de lado nossa conveniência e vivamos para Ele, permitindo que Sua sabedoria guie e domine todas as nossas ações.

Se pertencemos ao Senhor, deixemos que cada parte de nossa existência seja dirigida por Ele. Esta deve ser nossa meta suprema.

3.         Quanto tem avançado aquele homem que tem aprendido a não pertencer-se a si mesmo, nem a ser governado por sua própria razão, mas que rende e submete sua mente a Deus!

O veneno mais efetivo que leva os homens à ruína é o fato de jactarem-se em si mesmos, no poder e na sabedoria humana. A única saída para safarem-se deste auto-engano é simplesmente seguir as instruções do Senhor.

Nosso primeiro passo deveria ser o de aplicar toda nossa força a serviço do Senhor.

4.         O serviço do Senhor não só implica uma autêntica obediência, como também a vontade de pôr a parte os desejos pecaminosos e render-se completamente ao governo do Espírito Santo.

A transformação de nossas vidas por meio do Espírito Santo é o que Paulo chama de renovação da mente. Este é o verdadeiro princípio da vida que os filósofos deste mundo desconhecem.

Os filósofos pagãos põem a razão como o única guia da vida, da sabedoria e da conduta, porém a filosofia cristã nos requer que renda¬mos nossa razão ao Espírito Santo, o que significa que já não vivemos para nós mesmos, mas que Cristo vive e reina em nosso ser. 

Ver Rom. 4.23; Gál. 2.20.

Fonte:[O Calvinismo]

ELE é o Tesouro - DWYL - John Piper


Fonte:[Youtube]

23 de mai. de 2010

Para que Ninguém se Vanglorie - João Calvino


 “Porque pela graça tendes sido salvos”.(Ef 2.8-10). Essa é, por assim dizer, a inferência das afirmações anteriores. Pois ele tratara da eleição e da vocação gratuita, visando a chegar à conclusão de que haviam obtido a salvação unicamente através da fé. Primeiramente, ele assevera que a salvação dos efésios era inteiramente a obra - e obra gratuita - de Deus; eles, porém, alcançaram essa graça por meio da fé. De um lado, devemos olhar para Deus; de outro, para o homem. Deus declara que não nos deve nada; de modo que a salvação não é um galardão ou recompensa, mas simplesmente graça. Ora, pode-se perguntar: como o homem recebe a salvação que lhe é oferecida pelas mãos divinas? Eis minha resposta: pela instrumentalidade da fé. Daí o apóstolo concluir que aqui nada é propriamente nosso. Da parte de Deus é graça somente, e nada trazemos senão a fé, a qual nos despe de todo louvor, então segue-se que a salvação não procede de nós.
Não seria, pois, aconselhável manter silêncio acerca do livre-arbítrio, das boas intenções, das preparações inventadas, dos méritos e das satisfações? Nenhum desses deixa de reivindicar a participação no louvor da salvação do homem; de modo que o louvor devido à graça, no dizer de Paulo, não seria integral. Quando, por parte do homem, é posto exclusivamente na fé como única forma de se receber a salvação, então o homem rejeita todos os demais meios nos quais o ser humano costuma confiar. A fé, pois, conduz a Deus um homem vazio, para que o mesmo seja plenificado com as bênçãos de Cristo. E assim o apóstolo adiciona: “não vem de” vós; para que, nada reivindicando para si mesmos, reconheçam unicamente a Deus como o Autor de sua salvação.
“É o dom de Deus”. Em vez do que havia dito, que a salvação deles é de graça, ele agora afirma que ela é o dom de Deus. Em vez do que havia dito, "não vem de vós", ele agora diz: “não [vem] de obras”. Daí descobrimos que o apóstolo não deixa ao homem absolutamente nada em sua busca da salvação. Pois nessas três frases o apóstolo envolve a substância de seu longo argumento nas Epístolas aos Romanos e aos Gálatas, ou seja: que a justiça que recebemos procede exclusivamente da misericórdia de Deus, a qual nos é oferecida em Cristo através do evangelho, e a qual é recebida única e exclusivamente por meio da fé, sem a participação do mérito procedente das obras.
A luz desta passagem torna-se fácil refutar os tolos sofismas pelos quais os papistas tentam esquivar-se do argumento. Paulo, nos dizem eles, está falando acerca de cerimônias, ao dizer-nos que somos justificados sem [a participação de] obras [humanas]. Mas é perfeitamente certo que ele aqui não está tratando de algum gênero de obras, senão que rejeita a total justiça do homem, a qual consiste em obras - mais ainda: a totalidade do homem e de tudo o que ele tem de propriamente seu. E mister que observemos o contraste existente entre Deus e o homem, entre graça e obras. Por que, pois, Deus teria que ser contrastado com o homem, se a controvérsia concerne só a cerimônias?
Os papistas são compelidos a reconhecer que Paulo, aqui, atribui à graça de Deus toda a glória de nossa salvação. Mas a seguir engendram outra idéia, a saber: que isso foi dito em razão de Deus conceder "a primeira graça". Mas são na verdade insensatos ao imaginarem que terão sucesso nessa vereda, visto que Paulo exclui o homem e suas faculdades, não só do ponto de partida na obtenção da salvação, mas [o exclui] totalmente da própria salvação.
Mas são ainda mais imprudentes omitindo a conclusão: “para que ninguém se vanglorie”. Algum espaço deve sempre ser reservado à vangloria humana, contanto que os méritos sejam de alguma valia à parte da graça. A afirmação de Paulo não pode vigorar, a menos que todo o louvor seja dedicado somente a Deus e à sua misericórdia. Comumente, porém, torcem o sentido deste texto e restringem a palavra 'dom' exclusivamente à fé. Mas Paulo não faz outra coisa senão reiterar sua afirmação anterior, usando outros termos. Ele não quer dizer que a fé é o dom de Deus, mas que a salvação nos é comunicada por Deus; ou, que tomamos posse dela mediante o dom divino.
“Porque somos obra sua”. Ao excluir o contrário, o apóstolo prova o que diz, ou seja, que somos salvos pela graça, dizendo que nenhuma obra nos é de alguma utilidade para merecermos a salvação, porque todas as boas obras que porventura possuímos são os frutos da regeneração. Daí, segue-se que as próprias obras são uma parte da graça. Ao dizer que somos obra de Deus, sua intenção não é considerar a criação em geral, por meio da qual as pessoas nascem, senão que assevera que somos novas criaturas, as quais são formadas para a justiça pelo poder do Espírito de Cristo, e não pelo nosso próprio. Isso se aplica somente no tocante aos crentes, os quais, ainda que nascidos de Adão, ímpios e perversos, são espiritualmente regenerados pela graça de Cristo, e então começam a ser um novo homem. Portanto, tudo quanto em nós é porventura bom, provém da obra supernatural de Deus. E segue-se uma explicação; pois ele adiciona que somos obra de Deus em razão de sermos criados, não em Adão, mas em Cristo, e não para qualquer tipo de vida, mas para as boas obras.
E agora, o que fica para o livre-arbítrio, se todas as boas obras que de nós procedem foram comunicadas pelo Espírito de Deus? Que os leitores piedosos avaliem prudentemente as palavras do apóstolo. Ele não diz que somos assistidos por Deus. Ele não diz que a vontade é preparada e que, então, age por sua própria virtude. Ele não diz que o poder de escolher corretamente nos é conferido e que temos, a seguir, de fazer nossa própria escolha. Esse é o procedimento daqueles que tentam enfraquecer a graça de Deus (até onde podem), os quais estão habituados a sofismar. Mas o apóstolodiz que somos obra de Deus, e que tudo quanto de bom exista em nós é criação dele. O que ele pretende dizer é que o homem como um todo, para ser bom, tem de ser moldado pelas mãos divinas. Não a mera virtude de escolher corretamente, nem alguma preparação indefinida, nem assistência, mas é a própria vontade que é feitura divina. De outro modo, o argumento de Paulo seria sem sentido. Ele tenciona provar que o homem de forma alguma busca a salvação por sua própria iniciativa, mas que a adquire gratuitamente da parte de Deus. A prova consiste em que o homem nada é senão pela graça divina. Quem quer, pois, que apresente a mais leve reivindicação em favor do homem, excluindo a graça de Deus, lhe atribui a habilidade de obter a salvação.
“Criados para boas obras”. Os sofistas, desviando-se do pensamento de Paulo, torcem este texto com o propósito de injuriar a justiça [procedente] da fé. Envergonhados de negar honestamente que somos justificados pela fé e cônscios de que fariam isso em vão, buscam guarida no seguinte gênero de subterfúgio: Somos justificados mediante a fé, porque a fé pela qual recebemos á graça de Deus é o ponto de partida da justiça; mas nos tornamos justos por meio da regeneração, porque, sendo renovados pelo Espírito de Cristo, andamos em boas obras. E assim fazem da fé a porta pela qual nos introduzimos na justiça, mas acreditam que a obtemos por meio das obras; ou, ao menos, definem justiça como sendo retidão, quando alguém é reformado para uma vida boa. Não me preocupa quão antigo esse erro venha ser; o fato é que o erro deles consiste em buscar neste texto apoio para tal conceito.
E mister que descubramos o propósito do apóstolo. Sua intenção é mostrar que nada levamos a Deus pelo quê ele fique endividado em relação a nós; mostra ainda que até mesmo as boas obras que praticamos procedem dele. Daí, segue-se que nada somos, senão por sua graciosa liberalidade. Ora, quando esses sofistas inferem que somos meio justificados através das obras, o que tem isso a ver com a intenção de Paulo ou com o tema que ora desenvolve? Uma coisa é discutir em que consiste a justiça, e outra é estudar a doutrina que não procede de nós mesmos, com o argumento de que nas boas obras não há nada procedente de nós, salvo o fato de que fomos moldados pelo Espírito de Deus para tudo o que é bom, e isso através da graça de Cristo. Quando Paulo define a causa da justiça, ele insiste principalmente neste ponto: que nossas consciências jamais desfrutarão de paz até que descansemos no perdão de nossos pecados. Mas aqui ele não trata de nada desse gênero. Todo o seu objetivo é provar que somos o que somos unicamente pela graça de Deus.
As “quais Deus de antemão preparou”. Isto não se aplica ao ensino da lei, como o fazem os pelagianos, como se Paulo quisesse dizer que Deus ordena o que é justo e delineia uma regra apropriada de vida. Ao contrário, ele enfatiza o que começara a ensinar, ou seja, que a salvação não procede de nós mesmos. Diz ele que, antes que nascêssemos, as boas obras haviam sido preparadas por Deus; significando que por nossas próprias forças não somos capazes de viver uma vida santa, mas só até ao ponto em que somos adaptados e moldados pelas mãos divinas. Ora, se a graça de Deus nos antecipou, então toda e qualquer base para vangloria ficou eliminada. Observemos criteriosamente o termo 'preparou'. O apóstolo mostra, à luz da própria seqüência, que, com respeito às boas obras, Deus não nos deve absolutamente nada. Como assim? Porque elas foram extraídas dos tesouros divinos, nos quais haviam sido antes geradas; pois a quem ele chamou, também justifica e regenera. 

Fonte:[O Calvinista]
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