13 de mai. de 2010

Arrependimento – J. I. Packer


- O Cristão Muda Radicalmente -

Anunciei primeiramente... que se arrependessem
e se convertessem a Deus, praticando obras
dignas de arrependimento.
ATOS 26.20

A palavra arrependimento no Novo Testamento significa mudança da mente, de forma que as idéias, valores, metas e costumes são alterados e toda a vida é vivida de modo diferente. A mudança é radical, tanto interior como exterior¬mente; ânimo e opinião, vontade e afetos, conduta e estilo de vida, motivos e propósitos são todos envolvidos. Arrependi¬mento significa começo de uma nova vida.

O chamado ao arrependimento era a primeira mensagem na pregação de João Batista (Mt 3.2), de Jesus (Mt 4.17), dos Doze (Mc 6.12), de Pedro no Pentecoste (At 2.38), de Paulo aos gentios (At 17.30; 26.20), e do Cristo glorificado a cinco das sete igrejas da Ásia (Ap 2.5,16,22; 3.3,19). Ele foi parte do resumo feito por Jesus do evangelho que deveria ser levado ao mundo (Lc 24.47). Ele corresponde a constantes apelos dos profetas do Velho Testamento a Israel para que se voltasse para Deus, de quem se desviara (por exemplo, Jr 23.22; 25.4,5; Zc 1.3-6). O arrependimento é sempre apontado como cami¬nho para a remissão de pecados e restauração ao favor de Deus, e a impenitência é indicada como a estrada para a ruína (por exemplo, Lc 13.1-8).

O arrependimento é fruto da fé, que é, ela própria, fruto da regeneração. Contudo, na vida real, o arrependimento é inseparável da fé, sendo o aspecto negativo (a fé é o aspecto positivo) de voltar-se para Cristo como Senhor e Salvador. A idéia de que pode haver fé salvadora sem arrependimento, e que uma pessoa pode ser justificada por aceitar Jesus como Salvador, e ao mesmo rejeitá-lo como Senhor, é uma ilusão destrutiva. A fé reconhece Cristo como o que Ele realmente é, nosso rei designado por Deus, como também nosso sacerdote dado por Deus, e a verdadeira confiança nele como Salvador será expressa em submissão a Ele também como Senhor. Recusar isto é procurar a justificação por meio de uma fé impenitente, que não é fé.

Sobre arrependimento, diz a Confissão de Westminster:

Movido pelo reconhecimento e sentimento, não só do perigo, mas também da impureza e odiosidade do pecado como contrários à santa natureza e justa lei de Deus; apreendendo a misericórdia divina manifestada em Cristo aos que são penitentes, o pecador, pelo arrependimento, de tal maneira sente e aborrece os seus pecados, que, deixando-os, se volta para Deus, tencionando e procurando andar com Ele em todos os caminhos dos seus mandamentos. (XV. 2)

Esta declaração ressalta o fato de que o arrependimento incompleto, às vezes chamado "contrição" (remorso, auto-acusação, pesar pelo pecado gerado por medo do castigo, sem qualquer vontade ou determinação de renunciar ao pecado) é insuficiente. O verdadeiro arrependimento é "contrição", como exemplificado por Davi no Salmo 51, tendo em seu coração um sério propósito de não mais pecar, mas sim viver doravante uma vida que mostre que o arrependimento foi completo e real (Lc 3.8; At 26.20). Arrepender-se de qualquer vício significa tomar a direção oposta, praticar as virtudes mais diretamente contrárias a ele.


Fonte:[Ortopraxia]

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