Não é nenhuma surpresa que Lucas 4.28 registre que os judeus presentes na sinagoga, "ouvindo estas coisas, se encheram de ira". Nada é pior do que orgulho espiritual, pois é uma barreira que as pessoas egoisticamente erguem e que os separa de sua própria salvação. O Senhor afirmou: "Eu vim para salvar e esta é a verdade. Mas apenas posso salvar os pobres, os prisioneiros, os cegos e os oprimidos. Não importa que seja uma viúva gentia ou um leproso sírio. Importa apenas que a pessoa perceba sua bancarrota e sua indigência e que venha a mim como aquele odiado coletor de impostos que batia em seu peito cheio de culpa e implorava: 'O Deus, sê propício a mim, pecador!' (Lc 18.13), ou o homem que disse: 'Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!' (Mc 9.24). Essa pessoa pode não saber tudo o que existe para saber, e sua fé pode não ser plena, mas se ela apenas for em sua desesperança e disser: 'Eu não tenho escolha. Eu sei quem sou e sei o que o senhor pode fazer por mim', então ela saberá que eu sou o Messias".
Não podemos conhecer a Jesus como Messias até que nos submetamos a ele. Eu não pude conhecê-lo como meu Salvador enquanto não entreguei minha vida a ele. Então eu soube. Desfilar um número infinito de milagres na minha frente não teria provado nada. Os milagres não vêm ao caso. Nunca saberemos se Jesus pode salvar nossa alma do inferno, dar-nos vida nova, recriar nossa alma, colocar ali o seu Espírito Santo, perdoar nossos pecados e levar-nos para o céu até que tenhamos entregado nossa vida inteiramente a ele. Isso é auto-renúncia, tomar a cruz e segui-lo obedientemente.
Todos os ouvintes de Jesus podiam concluir qual era o ponto vital dessa história: eles valiam menos que os gentios. Estavam furiosos com Jesus porque ele insistira em que, a não ser que eles se considerassem em nada melhor do que um terrorista sírio e leproso, em nada melhor que uma viúva gentia pagã, em nada melhor que os proscritos, eles não receberiam salvação. E isso era absolutamente intolerável para aqueles assíduos frequentadores da sinagoga du¬rante a vida inteira — judeus sérios e devotos. Era impensável porque estavam absolutamente comprometidos com sua autojustificação, fruto da crença de que poderiam obter sua salvação pelos seus próprios méritos e religião. Como poderiam eles ser humildes quando conseguiam sua entrada no céu pelo fato de serem judeus, leais à moralidade tradicional e à lei religiosa?
Assim, como está escrito em Lucas 4.29, eles "se levantaram". De repente o tumulto explodiu na sinagoga lotada. Agarraram Jesus com a violência e o ódio cego de uma turba de linchadores e saíram da cidade vociferando até a beirada de um precipício. Estavam prontos para lançar Jesus lá de cima e vê-lo arrebentar-se contra as pedras lá embaixo. Deuteronômio 13 dava aos judeus a licença para matar um falso profeta. Estavam tão entrincheirados em seu orgulho hipócrita, tão pouco dispostos a reconhecer seu pecado que, quando Jesus finalmente os visitou, eles tentaram matá-lo. Depois de esperar durante tanto tempo pelo seu Messias e Rei prometido, eles preferiam destruí-lo a permitir que ele ameaçasse sua autojustificação.
Sempre termina assim, embora não de modo tão violento. Há apenas uma razão pela qual as pessoas que conhecem a verdade do evangelho não se sintam dispostas a arrepender-se e crer. É porque não querem considerar-se como pobres, prisioneiras, cegas e oprimidas. Não há nenhuma relação com o estilo de música que sua igreja oferece, com as dramatizações que são montadas ou com a qualidade de um espetáculo de feixes de laser. Mas tem tudo a ver com a morte espiritual e a cegueira do orgulho. Deus não oferece nada àqueles que estão satisfeitos com sua própria condição, a não ser julgamento. Se você não acha que está a caminho do inferno, não pensa que necessita de perdão, você não valoriza o evangelho da graça.
Segundo o próprio entendimento deles, esses judeus da sinagoga de Nazaré eram os respeitáveis. Eles eram os piedosos, os escolhidos, os verdadeiros adoradores, os leais à Lei, os cerimonialistas, os participantes da aliança. Os gentios eram os miseráveis idólatras, os indigentes proscritos. Os judeus nunca poderiam considerar-se como espiritualmente viúvos ou leprosos. Religiosos como eram, os vizinhos, amigos e parentes de Jesus odiaram tanto o que ele disse que tentaram matá-lo. Odiaram a mensagem de modo tão violento porque se recusavam ser humilhados. Não podemos pregar salvação, conduzir alguém à salvação nem tampouco sermos nós mesmos salvos a não ser que ' estejamos dispostos a ser humilhados e a reconhecer nossa condição pecaminosa. Novamente é uma questão de auto-renúncia, não é?
Eles tentaram matá-lo, mas não tinham poder para tanto, porque não era o método de Deus e não era sua hora. Lucas 4.30 descreve um momento sobrenatural, calmo: "Jesus, porém, passando por entre eles, retirou-se". Não sabemos como aconteceu. Mas, de alguma maneira miraculosa, ele simplesmente desapareceu. Eis o milagre que eles exigiram, mas o milagre o retirou do meio deles, simbolizando o julgamento que trouxeram sobre si mesmos por sua incredulidade cheia de ódio. Que tristeza. O que poderia ter sido - perdão e plenitude de alegria para sempre - eles recusaram.
E você? Você quer saber se Jesus é realmente aquele que ele disse ser? Em primeiro lugar, é necessário confrontar-se com seu diagnóstico sobre sua condição espiritual. Confesse sua absoluta pecaminosidade. Negue-se a si mesmo, e entregue sua vida a ele. Esse é o único caminho mediante o qual você poderá saber. Você se considera um entre os pobres, prisioneiros, cegos e oprimidos? Se sua resposta é não, você pode testemunhar todos os milagres debaixo do sol, reais ou falsos, pode ver todo o desfile de testemunhos, e nada o convencerá. Há apenas um caminho para saber que Jesus pode salvar sua alma do inferno, mudar sua vida e levá-lo para o céu com todos os pecados perdoados. Esse único caminho é ser suficientemente honesto e estar desesperado para admitir o seu pecado. Esse é o único tipo de pessoa que Jesus pode salvar. Tome sua vida pobre e iníqua, entregue-a nas mãos dele e veja o que ele pode fazer com ela. Isso é o que você deve fazer, e esse é o convite que temos para proclamar.
Fonte: [Josemar Bessa]
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