A graça de Deus não quer dizer que a santidade seja opcional. Sempre há pessoas que abusam da graça de Deus ao assumir que ela dá espaço para o pecado. Parafraseando essa filosofia, Paulo escreve: "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado para que seja a graça mais abundante?" (Rm 6.1) Se a graça superabundou onde o pecado abundou (Rm 5.20, 21) então nosso pecado somente magnífica a graça de Deus? Deveríamos continuar no pecado a fim de que graça de Deus seja magnificada?
"De modo nenhum!" Paulo respondeu com uma frase tão enfática que a versão King James traduziu da seguinte maneira: "Deus me livre!" A noção de que alguém usaria tal argumento para se desculpar era completamente ofensiva a Paulo. "Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? (Rm 6.3).
Paulo escreveu em outro lugar: "Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim" (Gl 2.20).
Mas em que sentido morremos para o pecado? Todos os cristãos honestos vão testemunhar que ainda somos tentados, ainda caímos e ainda sentimos culpa pelo pecado o tempo todo. O que Paulo quer dizer quando disse aos cristãos que "morremos para o pecado"?
Ele está falando sobre nossa união com Cristo. Todos os crentes são unidos a Cristo pela fé:
Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição (Rm 6. 3-5).
A frase "batizado em Cristo Jesus... batizado na sua morte" não tem nada que ver com o batismo nas águas. Paulo está usando a expressão baptizo do mesmo modo que ele a empregou em 1 Coríntios 10.2, quando falou dos israelitas como sendo "batizados em Moisés". Nesse sentido batizado em significa identificado com, ligado a. Em Gaiatas 3.27, Paulo diz: "Porque todos quanto fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes". Novamen¬te ele está falando da união com Cristo: "Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele" (1 Co 6.17).
Nossa união com Cristo é a premissa da qual a justificação, a santificação e todos os outros aspectos da obra de salvação de Deus dependem. Se primeiro entendêssemos o que significa estar unido com Cristo, compreen¬deríamos a nossa salvação. Sobre essa doutrina, Martyn Lloyd-Jones escreveu:
Realmente estamos em união com Cristo e para ele. Você não pode ler o Novo Testamento, até mesmo superficialmente, sem notar esta constante repetição — "em Cristo" — "em Cristo Jesus". O apóstolo continua repetindo esta frase, e ela é uma das afirmações mais significativas e mais gloriosas no campo e no âmbito da verdade. Isso significa que fomos unidos ao Senhor Jesus Cristo; tornamo-nos parte dele. Estamos nele. Pertencemos a ele. Somos membros do seu corpo.
E o ensino é que Deus nos considera assim, e isso, naturalmente, significa que agora, nessa relação, nós participamos e compartilhamos de tudo o que é verdade a respeito do próprio Senhor Jesus Cristo.
"Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo" (ICo 15.22). "Em Adão" descreve o estado da pessoa não-regenerada, ainda sob a escravidão do pecado, morta, incapaz de agradar a Deus de qualquer modo. Mas "em Cristo" descreve exatamente o estado oposto, a posição do verdadeiro crente em Cristo. Somos livres da tirania do pecado, capazes de amar e obedecer a Deus de coração, participantes de todas as bem-aventuranças do próprio Cristo, objeto do amoroso favor divino, destinado a uma eternidade gloriosa. "Agora, pois, já nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus" (Rm 8.1).
Nossa união com Cristo resulta em algumas mudanças muito dramáticas. Em primeiro lugar, somos justificados. A justificação tem seu lugar no tribunal de Deus. É um veredito divino de "não culpado". O termo justificação não significa a mudança atual no caráter do pecador; ele descreve a mudança na sua posição diante de Deus.
Mas porque estamos unidos com Cristo, mudanças acontecem também na nossa própria natureza. Regeneração, conversão e santificação são as palavras que descrevem essa mudança. Nascemos de novo — somos regenerados — foi nos dado um novo espírito, um novo coração e um novo amor a Deus (Ez 36.26; Uo4.19,20). Tornamo-nos participantes da natureza divina (2Pe 1.3, 4). Somos ressuscitados para andar em novidade de vida (Rm 6.4). E o velho homem pecaminoso é executado: "Sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado" (Rm 6.6, 7).
Fonte: [O Principal dos Pecadores]
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