A salvação não pára aqui. A submissão é outro elemento da conversão genuína. O convite de Jesus não termina com "eu vos aliviarei". Ele continua, dizendo: "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (v. 29, 30). A chamada para a rendição ao senhorio de Jesus é parte e uma parcela do seu convite à salvação. Os que não desejam tomar o seu jugo não podem entrar no descanso salvador que Ele oferece.
Os ouvintes de Jesus compreendiam que o jugo era um símbolo de submissão. Em Israel os jugos eram feitos de madeira, talhados cuidadosamente pela mão do carpinteiro para adaptarem-se ao pescoço dos animais que deveriam usá-los. Sem dúvida, Jesus fez muitos jugos quando jovem, na carpintaria de José, em Nazaré. Esta era uma ilustração perfeita para a salvação. O jugo usado pelo animal para puxar uma carga era utilizado pelo condutor para dirigir o animal.
O jugo também significava discipulado. Quando o Senhor acrescentou a expressão "e aprendei de mim", a figura foi bem clara para os ouvintes judeus. Nos escritos antigos, quando um aluno se submetia a um professor, dizia-se que ele tomava o jugo do professor. Um autor registra este provérbio: "Coloque o seu pescoço sob o jugo e deixe que a sua alma receba instrução''.
Os rabinos falavam do jugo da instrução, do jugo da Torah, e do jugo da lei.
O jugo também envolve obediência. Assim, o convite de Jesus aos pecadores, "tomai sobre vós o meu jugo", depõe contra a noção de que é possível receber a Cristo como Salvador, mas não como Senhor. Jesus não convida as pessoas a virem, se não querem tomar o seu jugo e submeter-se a Ele. A salvação ver¬dadeira ocorre quando um pecador em desespero dá as costas ao seu pecado e vai a Jesus disposto a que Ele assuma o controle de tudo.
A salvação é pela graça e nada tem a ver com obras humanas. Mas a única reação possível à graça de Deus é um humilde quebrantamento, que leva o pecador a voltar-se da sua velha vida para Cristo. A evidência de uma tal volta é o desejo de submeter--se e obedecer. Se permanecerem intocadas a desobediência e a rebeldia, haverá razão para se duvidar da realidade da fé que tem uma pessoa.
O jugo da lei, o jugo dos esforços humanos, o jugo das obras e o jugo do pecado, todos são pesados, irritantes e exasperantes. Representam fardos enormes e insuportáveis, carregados na carne. Levam ao desespero, frustração e ansiedade. Jesus oferece um jugo que podemos carregar, e também dá-nos as forças para fazê-lo (cf. Fp 4.13). Aí há descanso verdadeiro.
O jugo que Ele oferece é suave e o seu fardo é leve, porque Ele é manso e humilde de coração. Ao contrário dos escribas e fariseus, Ele não deseja oprimir-nos. Ele não quer jogar sobre nós cargas que não podemos carregar, e nem está tentando mostrar-nos como é difícil ser justo. Ele é manso. Ele é compassivo. E dá-nos um fardo leve para carregar. A obediência, sob o seu jugo, é uma alegria. É quando desobedecemos que o jugo esfola o nosso pescoço.
O jugo da submissão a Jesus não é doloroso, é feliz. Sig¬nifica estar livre da culpa e do peso do pecado — "descanso para as vossas almas". Este é um eco de Jeremias 6.16, onde o profeta diz: "Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos".
Jesus recebeu uma resposta idêntica. Acontecimentos sub-seqüentes em seu ministério mostram que o ódio contra Cristo só aumentou — ao ponto de a multidão, rejeitando-O, chegar a crucificá-Lo. Seu jugo era suave, mas, para corações pecaminosos, rebeldes, teimosos e carregados pelo pecado, a exigência de ir a Ele era grande demais. O convite foi desprezado. A sua salvação foi rejeitada. Os homens amaram mais as trevas do seu próprio pecado do que o fulgor da glória de Cristo. E assim, por sua rejeição incrédula ao senhorio dEle, condenaram-se a si mesmos.
Fonte: [O Principal dos Pecadores]
1 comentários:
Caro Paulo,
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