24 de abr. de 2010

C.H. Spurgeon - Hindhead


Extraído do Sword and Trowel de Julho de 1869

NUM DOS DIAS MAIS QUENTES de um Julho abafado, dois de nós, cansados e desgastados de uma longa e empoeirada caminhada pela estrada de Portsmouth, chegamos finalmente ao topo do Hindhead. Nenhuma árvore ou arbusto à vista, e o sol derramando sem remorso um dilúvio de fogo; não havia sinal de sombra, exceto por uma enorme cruz de pedra que guarnecia o cume do Hindhead. Aquela cruz foi elaboradamente adornada com inscrições em latim, e era precisa e clássica no formato; mas sua sombra   estreita demais para fornecer cobertura perfeita mesmo para um, menos ainda para dois. A sombra era mais refrescante, mas não havia o bastante, e um viajante poderia, queimado como estava, ficar em pé ou deitado sob os raios ardentes do sol, pois não havia lugar para ele na sombra fresca. Assim deve ser com o evangelho de Jesus, como demonstrado por alguns ministérios. Jesus é anunciado eloquentemente, mas a liberdade de Sua graça e o poder abundante de Seu sangue não são aplicados; ou pode ser que a Teologia Sistemática seja o ídolo do pregador, e Cristo é reduzido à crença; o rigor da doutrina é alimentado, mas o Cristo que é anunciado não possui nenhuma amplitude de amor, nenhuma amplidão de sombra para o repouso de pecadores cansados. Ao mesmo tempo, muitos removem o caráter sólido da expiação completamente e, enquanto objeta abrangência, nos dá ao invés de uma cruz de granito, uma mera neblina sem nenhuma sombra. A verdadeira ideia escritural da expiação é: “A sombra de uma grande rocha numa terra cansada.” O lema do Evangelho de Jesus é: “E ainda há lugar.”

Ah, a bendita sombra da cruz de Cristo! Todos os rebanhos do Senhor deitam-se sob ela, e descansam em paz; milhões de almas são por ela libertas do calor da vingança, e inúmeras mais nela encontrarão um abrigo da ira vindoura. Querido leitor, você está na sombra do Crucificado? Ele se põe entre Deus e sua alma para desviar de você os raios ardentes da justiça, que os seus pecados tão ricamente merecem, suportando-os Ele mesmo? Se você perecer pela necessidade de abrigo não será porque faltou lugar para você em Cristo, pois nenhum pecador jamais foi lançado fora por esta razão, e nenhum jamais será. Se você morrer no calor feroz da ira divina, você só poderá culpar a si mesmo, pois há a sombra da grande propiciação, fria e refrescante, e a todo momento ela é acessível por simples fé. Se você se recusa a crer, e se considera indigno da salvação, seu sangue jazerá em sua própria porta. Venha, agora, para o abrigo certo e bendito, a fim de que a insolação do desespero não o murche. Uma vez sob a sombra de Jesus, o sol não te afetará durante o dia, nem a lua durante a noite; tu habitarás sob a sombra do Todo-Poderoso. “O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita” (Sl. 121:5). Deixe aquele que alegremente encontra o abrigo da cruz cantar e orar de todo o seu coração.



“Onde está a sombra daquela rocha
Que do sol defende seu rebanho!
De alegria eu me alimentaria entre suas ovelhas,
Entre elas descanso, entre elas durmo.”

De meu caderno. —C. H. S

Por: C. H. Spurgeon
Original: Hindhead. Website: spurgeon.org
Tradução: voltemosaoevangelho.com
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