17 de set. de 2010

A cessação da ofensa da cruz - Thomas Scott


Deixe de fora o caráter santo de Deus, a excelência santa de Sua lei, a santa condenação a que os transgressores estão condenados, a amorosa santidade do caráter do Salvador, a doutrina, a temperança e a conduta santa que todos os verdadeiros crentes devem ter. Depois, vista-se de um esquema [um mix] de religião deste ímpio tipo:

– Represente a humanidade como em uma condição lamentável e digna de piedade, muito mais por causa de infortúnio do que por causa do [seu próprio] crime;
– Fale muito a respeito do amor e do sangue derramado de Cristo, de Suas agonias no jardim e na cruz sem apresentar a necessidade ou a natureza da expiação necessária por causa do [nosso] pecado;
– Fale de Sua glória atual, e de Sua compaixão para com os pobres pecadores; da liberdade com que se deve dispensar perdão; dos privilégios que os crentes gozam aqui, e da felicidade e glória reservadas para eles daqui por diante;
– Não obstrua isto com nada que fale sobre a [necessidade de] regeneração e santificação; ou [se tiver de falar sobre santidade] represente santidade como qualquer coisa outra que não a [perfeita] conformidade aos santos caráter e lei de Deus;
– E fabrique um evangelho que causa boa impressão, calculado para tornar o orgulhoso bem humorado, para suavizar as consciências, arregimentar os corações, e erguer as afeições dos homens naturais, que não amam ninguém a não ser eles mesmos.
E agora não se maravilhe se este evangelho (que não tem nada de afrontador, ofensivo, ou desagradável, mas está servindo perfeitamente ao não humilhado pecador carnal, e lhe ajuda a silenciar sua consciência, o livra de seus medos, e incentiva suas esperanças) não incorrer em nenhuma oposição entre as pessoas ignorantes, que não inquirem a respeito da razão das coisas. Encontrem-se com uma forte [e mútuo] boas-vindas, e façam-se grandes números de supostos convertidos, que vivem e morrem tão completamente cheios de alegria e de confiança quanto podem abraçar, sem nenhum medo ou conflito…
Que surpresa e espanto haverá se, quando toda a parte ofensiva for deixada de lado, então tal evangelho não causar nenhuma ofensa? Que surpresa e espanto haverá se, quando o evangelho for adequado às mentes carnais, então estas mentes carnais se apaixonarem por este evangelho? Que surpresa e espanto haverá se, quando tal evangelho for evidentemente calculado para encher as mentes não-redimidas com as falsas confiança e alegria, ele tiver efeito? Que surpresa e espanto haverá se, quando o verdadeiro caráter de Deus for desconhecido, e um caráter falso Dele for moldado pela [galopante] imaginação — um Deus todo amor e sem nenhuma justiça, muito afeiçoado a tais crentes, como seu favoritos –, eles tiverem afeições muito calorosas para com Ele?

[Sei que este escrito ofenderá alguns, mas] Eu não ofenderia a ninguém se não fosse necessário. Seja este problema ponderado de acordo com sua importância. Seja a palavra de Deus examinada imparcialmente. Eu não posso evitar meus medos de que Satanás propagou muita desta falsa religião, entre muitas classes extensamente diferentes de professores religiosos; e isto brilha tão claramente nos olhos de multidões que pensam que “tudo que brilha é ouro”, que, a menos que a fraude seja detectada, parece muito provável que ela será a religião que prevalecerá em muitos lugares.

(Thomas Scott, Letters and Papers, editados por John Stott (Londres: Seeley, 1824, pp. 441-444)

Fonte: [Ortopraxia]

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