10 de nov. de 2010

Combustível, Fornalha e Calor – John Piper


Como e a quem adorar

Ela levantara a questão de onde as pessoas deviam adorar. Jesus responde, dizendo:
—Essa controvérsia não se compara em importância com a questão de como e a quem adorar.
Primeiro ele chama a atenção dela para o como:
—Mulher, você pode acreditar que vem a honra em que nem neste monte nem em Jerusalém vocês adorarão o Pai.— Em outras palavras, não se deixe levar por controvérsias sem importância. Pode-se adorar a Deus em vão tanto no seu lugar como no nosso! Deus não dissera: "Este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim" (Is 29.13)? A questão não é onde, mas como.
Em seguida, Jesus volta a atenção dela para quem:
—Vocês adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus.— São palavras ríspidas. Mas quando vida e morte estão em jogo, você chega a um ponto em que diz as coisas com franqueza — como dizer a alguém que está com os pulmões doentes que deixe de fumar.
Os samaritanos rejeitavam todo o Antigo Testamento, com exceção da sua própria versão dos primeiros cinco livros. Seu conhecimento de Deus era deficiente. Por isso, Jesus diz à mulher que a adoração dos samaritanos é deficiente. Importa conhecer aquele que você adora!
Como e a quem é crucial, não onde. A adoração precisa ser vital e real no coração e tem de apoiar-se sobre uma percepção correta de Deus. É preciso espírito e é preciso verdade. Por isso Jesus diz:

—Vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade.— As palavras "espírito e verdade" correspondem ao como e a quem da adoração.
Adorar em espírito é o contrário de adorar de maneiras meramente externas. É o contrário do formalismo e do tradicionalismo vazios. Adorar em verdade é o contrário da adoração baseada em um entendimento inadequado de Deus. A adoração precisa ter coração e cabeça. Ela tem de envolver as emoções e o pensamento.
Verdade sem emoção produz ortodoxia morta e uma igreja cheia (ou pela metade) de admiradores artificiais (como pessoas que escrevem cartões de aniversário genéricos para vender). Por outro lado, emoção sem verdade produz agitação vazia e cultiva pessoas superficiais que rejeitam a disciplina do raciocínio exato. A adoração verdadeira, porém, vem de pessoas com emoções profundas, grande amor e doutrina sadia. Afeições fortes por Deus, arraigadas na verdade, são ossos e medula da adoração bíblica.

Combustível fornalha e calor

Talvez possamos juntar todos esses elementos com esta figura: o combustível da adoração é a verdade de Deus, a fornalha da adoração é o espírito do ser humano, e o calor gerado é a afeição vital da reverência, contrição, confiança, gratidão e alegria.
Há, todavia, algo faltando nesta figura. Temos combustível, fornalha e calor, mas não temos fogo. O combustível da verdade na fornalha do nosso espírito não produz automaticamente o calor da adoração. Precisa haver ignição e fogo. Isso é o Espírito Santo.
Quando Jesus diz: "Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade", alguns intérpretes acham que isso é uma referência ao Espírito Santo. Eu entendo que se trata do nosso espírito. Mas talvez as duas interpretações não estejam muito separadas na mente de Jesus. Em João 3.6, Jesus liga o Espírito de Deus e o nosso espírito de modo notável.
Diz ele: "O que é nascido do Espírito é espírito". Em outras palavras, enquanto o Espírito Santo não avivar nosso espírito com a chama da vida, nosso espírito está tão morto e sem reação que nem mesmo merece ser chamado espírito. Somente o que é nascido do Espírito é espírito. Assim, quando Jesus diz que os verdadeiros adoradores adoram o Pai "em espírito", o sentido tem de ser que a verdadeira adoração vem apenas de espíritos vivificados e sensibilizados pelo Espírito de Deus.
Agora podemos completar nossa figura. O combustível da adoração é uma visão correta da grandeza de Deus; o fogo que faz o combustível queimar com calor extremo é o avivamento do Espírito Santo; a fornalha acesa e aquecida pela chama da verdade é nosso espírito renovado; e o conseqüente calor da nossa afeição é a adoração poderosa, que abre caminho por meio de confissões, anseios, aclamações, lágrimas, cânticos, exclamações, cabeças curvadas, mãos erguidas e vidas obedientes.

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